Aldemir Martins em Mundo mágico das Cores,
curadoria de Anna Guerra
As cores de Aldemir Martins (1922-2006) constituem o ingresso num mundo pictórico e poético mágico, no qual gatos, paisagens repletas de vida, atraentes marinhas, enigmáticos cangaceiros, pessoas, naturezas-mortas, animais poeticamente recriados e galos transportam o observador a uma nova realidade.
O universo visual do artista permite justamente novas leituras pela capacidade de sempre nos oferecer uma nova porta de acesso. Há uma constante renovação e, em cada imagem, a oportunidade de conhecer um mundo rico em cores e traços diferenciados, próprio de um artista que nasceu no Nordeste do Brasil e construiu seu destino de modo a ganhar visibilidade internacional.
As paisagens apresentadas remetem ao Nordeste, mas, acima de tudo, mostram a habilidade no trabalho com tons de azul e amarelo, na criação de atmosferas idílicas e vigorosas. O mesmo ocorre com as marinhas, que atingem um estado de intensa luminosidade e de alegria, convidando o fruidor a participar com encantamento dessas imagens.
Talvez a melhor definição de Aldemir seja a que ele mesmo deu do seu processo criativo: “Na pintura, sou eu, a tinta, o pincel e a tela em um trabalho que divido em duas etapas básicas: o trabalho intelectual e o braçal. Um se refere à elaboração de idéias; e o outro, à concretização do que foi concebido na imaginação. Neste processo, a criação torna o homem semelhante a Deus.”
Oscar D’Ambrosio é jornalista, mestre em Artes pelo Instituto de Artes da Unesp e co-autor de Contando a arte de Aldemir Martins (Editora Noovha América).
Apoio Brazil Gallery e Juliana Gevaerd
Aldemir Martins (Ingazeira, 8 de novembro de 1922 — São Paulo, 6 de fevereiro de 2006), foi um artista plástico brasileiro,ilustrador, pintor e escultor autodidata, de grande renome e fama no país e exterior.
No Ceará, participou do Grupo Artys e da Sociedade Cearense de Artes Plásticas (SCAP), cuja atividade estava voltada para a renovação modernista no estado, juntamente com Antônio Bandeira, Inimá de Paula, Mário Barata, Barbosa Leite, João Siqueira, Luís Delfino, Raimundo Campos e Zenon Barreto entre outros. Em 1946, mudou-se para São Paulo.
Sempre se dedicou a temas relativos ao nordeste brasileiro que, em geral, foi tratado de maneira estilizada e lírica. Em 1950, fez o curso de gravuras do Museu de Arte de São Paulo. Também nessa época sua produção retratava o nordeste, porém de forma severa e dramática.